Crise de Pânico
Uma Crise de Pânico é uma manifestação extrema de ansiedade, com medo intenso da morte e outros sintomas físicos importantes, como a taquicardia, dificuldades para respirar e pressão alta.
A crise clássica de pânico aparece do nada, quando a pessoa está por exemplo dormindo, passeando ou trabalhando e pode ser confundida com um infarto ou um AVC.
Porque as crises acontecem, não temos como comprovar, mas ela é uma descarga anormal de adrenalina, que por acontecer sem desencadeantes reais, faz a pessoa temer estar tendo um colapso de origem física.
Existe uma predisposição genética e se nota que pessoas que não lidam bem com o estresse são as vítimas preferenciais.
Podemos apontar uma origem evolutiva para as crises de pânico. Quando éramos nômades, precisávamos da reação de luta ou fuga diariamente, mas atualmente não mais precisamos e nossa adrenal continua a fabricar essas catecolaminas e quando descarrega em momentos tranquilos (não estamos caçando ou sendo capturados) somos direcionados a pensar que estamos doentes.
São sintomas frequentes:
Palpitação, coração pulsando forte ou acelerado;
Sudorese, mas mais frequentemente as pessoas estão ruborizadas, pois a sudorese sugere mais fortemente dor visceral;
Tremores grosseiros;
Falta de ar subjetiva, pois o exame clínico e oximetria de pulso revela boa oxigenação;
Sensação de desmaio;
Náusea ou desconforto abdominal;
Formigamentos (geralmente simétricos em MMSS e boca);
Dor ou desconforto no peito (sempre apontando para o lado esquerdo do peito), enquanto que no infarto essa dor é mais retroesternal e pode irradiar para mandíbula, ombro e pode ser confundida como dor de estômago);
Calafrios e sensação de calor (o paciente fala de um calor que sobe e desce);
Sentimentos de irrealidade (parece que isso não é real);
Despersonalização (sentir-se fora de si mesmo);
Medo de perder o controle ou enlouquecer;
Medo de morrer.
https://youtu.be/eVaAUdeTsUI
Infarto
A falta de irrigação do músculo cardíaco, também causa dor no peito e até falta de ar, sendo este o temor da vítima da crise de pânico, que está clinicamente bem, mas em regra, mais temerosa de infarto dos que as pessoas realmente infartadas.
Para diferenciar existe a orientação de que dor no peito que não alivia com repouso por 20 minutos, dever se buscar atendimento médico. Após esse tempo a maiorias das crises de pânico terão terminado e o paciente não precisará ser deslocado ao pronto socorro, evitando procedimentos desnecessários.
O Transtorno de Pânico
É a repetição das crises de pânico e no intervalo destas crises, a pessoas tem uma preocupação com a possibilidade de uma próxima crise, além de empreender investidas em investigar doenças cardíacas, pois elas não tem percepção da origem nervosa dos sintomas.
Agorafobia
É uma complicação do transtorno de pânico, ocorre nas pessoas que não são diagnosticadas e passam a temer mais e mais as crises, passando a evitar ambientes ou lugares onde possa ser difícil seu “socorro”.
Também pode acontecer nas pessoas que se orientadas, não conseguem confiar no seu médico, não acreditam na origem psíquica dos sintomas e continuam temendo desfecho fatal a cada episódio.
Tratamento
Preferencialmente com médico generalista ou com o médico que investigou os sintomas e reassegurou que tudo está clinicamente normal.
Como médico você terá de ser sensato e também acreditar que existe este transtorno psiquiátrico, pois existem colegas que não acreditam e colocam os pacientes em intermináveis e repetidos exames.
Certa vez um colega otorrinolaringologista que atendia na minha clínica e viajava com o carro lotado de equipamentos diagnósticos, durante uma conversa com outros médicos ele afirmou que Somatização, Hipocondria e Pânico “não existem, pois se o paciente sente algo, é porque há algo errado, se não encontramos, é porque não procuramos direito.”
Fácil entender porque ele pensava assim, pois sua tática era solicitar e ele mesmo realizar vários testes diagnósticos com seus clientes para melhorar seu faturamento.
Os cuidados devem ser conduzidos com paciência, parcimônia nos exames complementares, e:
(1) ouvir, reexaminar clinicamente e reassegurar que clinicamente está tudo certo, fazer exames somente se necessários;
(2) encaminhar para psicoterapia, de preferência cognitivo comportamental e
(3) indicar medicação de tratamento continuado (da classe dos antidepressivos em doses crescentes, podendo chegar a doses supra-máximas) e para as crises (ansiolíticos, se necessário e nunca para uso contínuo).
Nos primeiros dias poderá ser necessário usar o ansiolítico continuamente, mas nunca exceder um ou dois meses de uso. É difícil alcançar esta meta, mas como Profissionais éticos, temos que persegui-la.
Encaminhar para Psiquiatria poderá ser necessário, mas antes avaliar a aceitação do paciente. Muitas vezes os pacientes não gostam, a menos que estejam convictos em conseguir um laudo que lhes traga algum “benefício”.
Sempre será melhor o médico de especialidade somática aproveitar o vínculo que já tem com o paciente e tratar. Bem como não precisará perder metade de sua clientela, pois ao menos 50% dos motivos de busca por consulta tem causa psíquica.
Prognóstico
Em regra, é bom, depois que a pessoas se tranquiliza e aceita que as crises não oferecem o risco que temiam (morte por infarto ou AVC), as medicações diminuirão a frequência e a intensidade das crises e com a psicoterapia ela poderá aprender a lidar melhor com o estresse e com as próprias crises.
Sobre a incapacidade pelo Transtorno de Pânico ela não deve ser considerada como duradoura, pois as crises são curtas e se ensejarem atendimento médico emergencial será atestado aquele dia pelo médico plantonista.
Algumas vezes, em pacientes de risco para doença cardíaca, o médico que inicia a investigação cardio ou neurológica atesta vários dias, enquanto não obtêm os exames normais, por motivo de segurança do paciente e também medicina defensiva.
Depois de excluída patologias de risco, precisamos ser honestos e orientar da benignidade do quadro, tratar e melhorar o paciente e não iatrogenicamente incapacitá-lo com atestados ou laudos versando falsidades.
Se o paciente não aceita o diagnóstico e sua natureza, considere encaminhar o paciente para buscar outra opinião, mas não ceda de suas convicções, se o paciente, depois de examinado, não confia em você, devemos declinar de prestar-lhes os cuidados ou fornecer documentações que não correspondam a verdade.
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